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13/11/2012
“PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA O SECTOR ELÉCTRICO. O SISTEMA IBÉRICO NO CONTEXTO GLOBAL”

Perspectivas e Desafios para o Sector Eléctrico
O Sistema Ibérico no contexto global


A actual crise económica e financeira tem levado os governos a concentrar atenções nas formas de a enfrentar, desviando a política energética do centro das suas preocupações e limitando os seus meios de intervenção política, o que prenuncia maior dificuldade em alcançar metas relativas às alterações climáticas e concretizar mudanças de rumo.

A este pano de fundo pouco animador adicionam-se acontecimentos como o acidente nuclear de Fukushima e a agitação política no Norte de África e no Médio Oriente, aumentado o clima de incerteza e suscitando dúvidas quanto à fiabilidade do abastecimento de energia, particularmente na Europa.

Embora o consumo de energia continue a crescer fortemente, a nível mundial, no quadro europeu o crescimento tem sido mitigado ou mesmo negativo em países como Portugal e Espanha. Contudo, a nível mundial, mesmo uma menor taxa de crescimento do PIB, a curto prazo, terá uma influência marginal nas tendências de crescimento do consumo de energia a longo prazo.

Num contexto global, a redução de emissões de CO2 tem sido uma preocupação dominante tendo a Comissão Europeia fixado objectivos quantificados de redução para 2020. É óbvio que a eficácia do objectivo global de redução de emissões deveria passar por um acordo internacional, legalmente vinculativo. Infelizmente, isso não se viu na Conferência de Durban, no final de 2011, sobretudo porque muitos dos maiores emissores não atribuem elevada prioridade a essa redução. Se EUA, China e Índia, responsáveis por mais de metade das emissões mundiais, não se comprometerem com tal acordo será politicamente difícil para outros países comprometerem-se. As discussões europeias quanto a reduzir 20% ou 30% até 2020 perdem sentido quando a diferença equivale a menos de um mês de emissões da China.

Além das alterações climáticas, o contexto mundial é marcado por desenvolvimentos no sector do gás, sobretudo pelo “boom” do gás não convencional nos EUA (replicável na Europa?), pela importância potencial do mercado do GNL, pelo protagonismo crescente das fontes renováveis, cada vez mais situadas em locais remotos (exigindo enormes investimentos em redes de transporte), pela incerteza quanto ao papel do carvão em futuras centrais eléctricas, na ausência de um preço adequado do CO2 e de progressos nas tecnologias de “carbon capture and storage” (CCS), pelas interrogações sobre o recurso à energia nuclear e pela eficácia de eventuais medidas de eficiência energética.

Todos os temas anteriores influenciam forte e directamente o desenvolvimento do sector eléctrico. Os sistemas português e espanhol, reunidos no MIBEL, são ainda afectados por circunstâncias particulares: redução de consumos (-3,2% em 2011 e -3,2% até 31 de Outubro de 2012, em Portugal), défices tarifários, particularmente volumosos em Espanha, novas taxas sobre combustíveis e produção eléctrica em Espanha, elevada percentagem de renováveis, baixa utilização das centrais a gás de ciclo combinado e altos custos de financiamento de novos investimentos.

Os problemas aflorados estão profundamente imbricados e colocam desafios sérios ao sector eléctrico, quer europeu, quer ibérico. Com esta Conferência a ELECPOR pretende aprofundá-los no caso do sector eléctrico ibérico, inserindo-os no contexto das tendências mundiais, e debater possíveis cenários e opções para os enfrentar.



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